segunda-feira, 23 de julho de 2018

O FIM DO IDEALISMO HORIZONTAL


 Começo com um breve extrato do meu livro "Atualidade do Cristianismo Gnóstico - 2008"

Limites:

A humanidade e cada indivíduo da humanidade perdeu a sua capa moral. Todo o indivíduo, toda a sociedade, toda a cultura, precisa se basear numa capa moral. Sabemos que toda a capa moral é relativa, é transitória, é de alguma forma paliativa, mas é imensamente necessária para se construir alguma coisa. O sistema de crença materialista reducionista, não só contribuiu para destruir a capa moral que havia, como também não foi capaz de substituí-la por outra capa moral.
Essa é uma das características que nos leva ao que aqui chamamos de Limites.
Portanto, resta o vazio! E esse vazio explode em exacerbações: nos vícios, na ganância desmesurada, na hiperatividade física sensual, etc. Esse vazio moral é agora uma crise planetária, pois o sistema de crença ocidental materialista logrou, principalmente via globalização das comunicações, exportá-lo mundialmente.
Isso, portanto, nos leva ao diagnóstico que buscávamos: Estamos numa crise de limite de consciência. Nossa crise é uma crise de consciência! Tudo o mais são os sintomas dessa crise.
E não se soluciona crise de consciência deteriorada por essa própria velha consciência em crise; assim, não se põe vinho novo em odres velhos; porque os odres rompem, o vinho entorna e assim se perdem os dois. 
O Evangelho Gnóstico de Tomé, considerado pela maioria dos acadêmicos como o texto mais antigos do cristianismo, trazendo provavelmente ditos recolhidos diretamente de preleções de Jesus aos seus discípulos, é também aquele que mais se adequa às genuínas necessidades espirituais da atualidade. Esse profundo e adequado alfa e ômega do cristianismo gnóstico bem se caracteriza pelo dito 10 colocado na capa de nosso livro e que diz:

“Eu joguei fogo sobre a terra e eis que vigio até que arda”.

E esse fogo agora já arde. É hora, portanto, de pararmos de brincar com ele.
Como diz o gnóstico atual Stephan Hoeller:

“Esse é o tempo em que a Gnósis - o reconhecimento do Verdadeiro Divino - não é mais um luxo, mas uma necessidade absoluta”.

Rio de Janeiro, 4/10/2009
Paulo Azambuja

***
Vamos então a
UM DIÁLOGO COM UMA AMIGA QUE VALE A PENA LER E COMPARTILHAR

Amiga: O que é idealismo da horizontalidade?...e o que é a saída ? Por favor, pode explicar?

Paulo Azambuja: Os modelos e valores pelos quais nossa sociedade foi construída agora se esgotaram e chegamos ao limite de suas possibilidades como "Homo Sapiens". Sendo assim, todas as soluções que sejam buscadas neste modelo serão inócuas, constituindo-se em um "idealismo da mesmisse" ou como o chamei "idealismo horizontalizado".
Coloco isso como uma posição minha esperando assim provocar uma reflexão que na verdade é bastante incômoda e que só pelo acelerado desdobramento dos acontecimentos demolidores, por fim, farão com que muitos encarem tal situação.
Quanto a "explicar" a saída lembro que tanto a meu Facebook como um blog que tenho desde 2008 (chamado "Atualidade do Cristianismo Gnóstico" e no pequeno livro com esse título que então editei) que pelo seu próprio nome, nunca teve na política seu objetivo fundamental e sim apontar a necessidade premente da transformação consciencial do homem, sem o que nada mais, principalmente nos tempos atuais de limite, vai funcionar.
Todas as mitologias profundas de toda a história da humanidade desde o mais antigo épico védico o "Bagavad Gita" até o Gnosticismo Cristão original apontam exatamente isso e dão a solução para isso. Só que essa solução por transcender a horizontalidade do nosso estado de consciência atual e transcender todo o mundo que construímos ética e civilizatoriamente com este velho e esgotado estado é categoricamente rejeitada quer pelo indivíduo quer pela sociedade e principalmente pelas guardiães supremas dessa civilização decaída, as instituições políticas e religiosas, gerando inclusive violentas carnificinas contra grupos de soluções que lograram em alguns breves momentos estabelecer sociedades "verticais" transformadoras (veja a história do catarismo na idade média e sua repressão pela igreja papal romana e pelo monarca frances). Tudo o que compartilho visa mostrar isso.
 
Amiga:  E sociedades verticais como começariam sua estrutura de maneira vertical?...como vc vê isso?

Paulo Azambuja: Começariam a partir do indivíduo, com uma catarse completa de cada ser humano que assim vai se re-ligando às forças cósmicas puras libertadoras (verticais). O indivíduo - Catarse, encontra-se com o Supra Cósmico puro e transformador.

Amiga: Geralmente, a sociedade demora uma década para mudar um paradigma...então...o principal paradigma a ser mudado é o TEMPO SOCIAL...pois, certamente, todo o velho entrópico tem que ser limpo e recomeçado...pois todo modelo não serve mais... ele já é completamente insatisfatório! TEMPO...

Paulo Azambuja: Veja a história do catarismo. Foi uma história civilizatória vertical real que, embora pouco divulgada, ilustra a possibilidade concreta disso acontecer. Se assim não fosse eu estaria simplesmente propondo substituir uma quimera inócua de idealismo horizontal por outra também inócua de idealismo vertical. Mas a história cátara (não foi a única, houve outras civilizações verticais ainda menos conhecidas) mostra a sua realidade e exequibilidade. Quanto ao TEMPO lembre-se que tudo está acelerado, como diziam os Maias (que em algum momento de sua história também constituíram tais civilizações) estamos no “Tempo do Não Tempo”.

Amiga: Me diz?...como é possível haver mudanças se as pessoas não tem tempo de ver...tempo de perceber...tempo de aprender...tempo de querer...? Não é só o tempo cronológico...é o TEMPO DE VIDA...

Paulo Azambuja: PELA RUPTURA, ESGOTAMENTO EXISTENCIAL DEFINITIVO, APOCALIPSE PESSOAL E MUNDIAL!!

Amiga: Por exemplo... eu só posso aprender de você se eu estiver no mesmo tempo que você...que tem a ver com o RITMO ...o ritmo do meu ser tem que estar no seu ritmo , senão não nos encontramos nunca.... não haverá COMUNICAÇÃO.
As pessoas nem percebem que as outras tem ritmos diferentes, que as coisas da vida estão em velocidades diferentes....pois não tem percepção de TEMPO DO OUTRO.
Momentun... não ha tempo nem pra percebermos nosso próprio tempo.
Se não houver uma consciência deste tempo não conseguiremos parar para fazer algo novo...e vai continuar a fluir como tudo esta fluindo.
Eu te agradeço a conversa...verei o que sugeriu!

Paulo Azambuja: O que me ocorre ilustrar sobre isso é quando estamos por exemplo dirigindo na estrada, ouvindo tranquilamente o rádio, pensando no que vamos fazer hoje e perfeitamente ligados ao nosso estado de consciência corrente. Mas, eis que de repente, surge um caminhão na contramão diretamente em nossa direção... A partir de então entramos no estado de Limite e todas as nossas ações não mais atendem aos padrões comportamentais, concienciais e temporais correntes e usuais dos minutos anteriores. Assim é nesse estado alterado que ou nos salvaremos do "desastre" ou pereceremos; - PURA AÇÃO - sem que nos segundos alterados tivéssemos "tempo" para nenhuma elaboração de nossa racionalidade corrente.

Amiga: Sim...nosso Cérebro Reptiliano é o maravilhoso dispositivo que faz isto! ...mas ele só serve pra nos proteger... e não serve, em nada para nos MUDAR.
Se me permite sugerir algo também....
O Físico GARNIER MALET diz que sua teoria tem algo VITAL e é verdade...e tem a ver com um tempo especial do qual podemos ter...Dá uma olhada na sua TEORIA DO DESDOBRAMENTO DO TEMPO.
 
Paulo Azambuja: Sim, o meu exemplo foi apenas uma ilustração buscando analogias e no contexto que coloquei é realmente uma ação reptiliana. Mas há um estado de limite que ao invés da súbita mudança nos levar ao estado reptiliano nos leva a um COMPLETAMENTE outro estado alterado de consciência, o da "Consciência do Coração"; e aqui está a chave da mudança fundamental para uma transformação VERTICAL.
Um grande abraço amiga, grato por essa importante conversa, vou divulgá-la em minha Linha de Tempo.

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