segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

São Tão Somente Humanos Imperfeitos?




Copiei essa foto que recebi no facebook e dentre os comentários anexados veio o seguinte:

Comentário de um amigo: Todas as religiões são feitas por humanos imperfeitos que como nós, possuem muitas fraquezas, dentre elas o medo. Sabe Deus em que circunstâncias essa foto foi tirada. Antes de condena-los, façam uma pesquisa sobre o número de sacerdotes alemães que foram enviados a campos de concentração por condenarem a diáspora nazista. O próprio Pio XII tratou de preservar o seu estado-cidade que só contava com uma guarda Suíça em sua defesa. Os aliados demoraram mais de 4 anos para derrotar a máquina de guerra de Hitler. O que então poderia fazer Pio XII, lançar a ira de Deus para destruir a máquina, como diz a Bíblia, da mesma forma que fez com a muralha de Jericó? 
Em tempo... não sou católico mas detesto condenação sumárias.  

Em seguida coloquei o meu seguinte comentário:

Meu comentário: Esta instituição se diz a representação única e incondicional de Jesus na Terra. 
 Há inclusive uma bula assinada pelo papa anterior e escrita por Ratzinguer( Dominus Iesus)  em que essa representação e esse monopólio da salvação é reiterado em todas as letras. 

Se eles auto proclamam e reiteram a INFALIBILIDADE desse "mandato incondicional divino" nada mais consequente e lógico que se lhes cobre, a cada uma da volumosa sucessão histórica de suas atrocidades e desmandos (não simples deslizes, mas atrocidades, como a inquisição -ou o atual  Santo Oficio do cardeal Ratzinger-, a proteção oficial papal dos refugiados nazistas, a pedofilia institucionalizada e principalmenete - ACOBERTADA,  a apropriação indébita do dinheiro da caridade dos fiéis, as orgias desde os Bórgias até a de alguns CARDEAIS atuais...) nada mais consequente, repito,  que se lhes cobre atitudes convenientes segundo essa auto outorgada representação e que não se venha  usar da covarde retórica de  a cada vez (e são muitas) que a “barra pesa”  apelar para o argumento de  “simplesmente seres humanos”. 

Um piloto de Jumbo é "simplesmente humano", mas se for pilotar bêbado certamente será preso por muitos anos e - NÃO SERA MAIS DIGNO DO MANDATO DE PILOTO.  

O VERDADEIRO E SAGRADO CRISTIANISMO já sofreu o suficiente a deformação de sua sublime doutrina deturpada e conspurcada nesses dois mil anos. 
BASTA!

Em tempo... não sou católico mas eu, Giordano Bruno, os "parfaits" Cátaros, Simão de Monfort, Galileu, Leonardo Boff.. também, como o meu amigo acima, detestamos condenaçõe sumárias.

Paulo Azambuja 

Segue uma nova argumentação


Argumento do amigo: Todas as religiões seculares sempre se outorgaram na posição de principais interlocutores de Deus. Fingindo agir como imagem e semelhança do Divino. Se qualificam como puros, infinitamente bondosos e poderosos. Isso serviu para que os seus líderes se impusessem, mais pelo medo e pela dor do que pelo amor. Isso nunca foi privilégio de uma só religião. As religiões são feitas por homens para homens. Acreditar que elas tenham que seguir aquilo que pregam, e se indignar ao constatar que não o fazem, é pura ingenuidade. A igreja católica está vivendo o fim se uma era. Pesam na sua derrocada todas as atrocidades que cometeu por milênios. Não é por acaso que o discurso de infalibilidade da igreja católica encontre crentes entre os fiéis de sociedades pouco evoluídas que ainda colocam a religião de forma cega como principal condutor de suas vidas. Ainda assim, nessas religiões ou fora delas, existem homens de boa fé, pelos quais Deus opera pequenos milagres diariamente. Isso com ou sem religiosidade. Quanto a foto dos padres em saudação nazista. Pode ser que fossem simpatizantes. Pode ser que não. Da mesma forma que essa foto hoje é usada para desqualificar a instituição religiosa, pode ter sido usada na época pelos nazista para mostrar ao povo que tinha respaldo da principal seita daquela época, e então era "aceita" por Deus. Devemos ter o senso crítico de analisar além das palavras e além das imagens.

Ao que eu respondo: 

Em todos os tempos sempre existiram pessoas que buscam genuína e profundamente a relig-iosidade (de religare).

A secularidade e o materialismo do pensamento atual tendem a ver esse sentimento genuíno, profundo e TRANSCENDENTE como algo tão somente de um nível psíquico, como um consolo e uma esperança  ingênua,  lenitivos para as nossas inerentes limitações. 

Como são politicamente corretas essas pessoas da secularidade tendem a, magnanimamente, respeitar essas necessidades relig-iosas, mas não conseguem compreender nem aceitar que elas  tem a sua verdadeira origem  numa manifestação SAGRADA de alguns seres que viviam e pregavam e emanavam  essa TRANSCENDÊNCIA e não em algum episódio secular quer  militar ou diplomático e que se assim o for só podem mesmo ser defendidos  secularmente – nada de Jericó. 

Sendo assim tomam essas manifestações internas, profundas e genuínas tão somente pelas  proclamações e práticas das instituições religiosas que que as DETURPAM.

Portanto amigo nossa discussão aqui tem um erro de categoria em nossas respectivas premissas.
  
Eu sou dos que veem, sentem e buscam a coisa a partir da TRANCENDÊNCIA, tipo: “Meu reino não é desse mundo” e me parece que as suas premissas são seculares em relação a essa mesma questão. Isso por exemplo o faz achar natural e lógico, como você disse anteriormente, que o Estado do Vaticano pense em defender seus interesses institucionais tal como faz o Brasil, a Colômbia, etc. 

Os fundamentos de uma nação/estado como o Brasil são real e legitimamente proporcionar econômica, política e territorialmente o bem estar e a segurança de seus cidadãos, e nesse contexto estamos legitimamente falando da categoria: CIDADANIA. E a premissa da categoria cidadania pode bem ser ilustrada na frase “Independência ou morte” e claro que, no PAPEL de cidadão, essa também é a minha. 

Mas para alguns, como disse, se impõe internamente como FUNDAMENTO EXISTENCIAL uma  outra categoria:  a RELIG-IOSIDADE  e já nesse outro contexto a minha premissa é “Meu reino não é desse mundo”. 

Para os que necessitam viver sob essas duas premissas, o Cristianismo Original tem uma terceira premissa conciliadora: “Dai a César o que é de César”,   lema que nos permite buscar conviver e VIVER, sem  deturpação nem reducionismo, sob as duas categorias.

Essa dicotomia: “Independência ou Morte” x “Meu reino não é desse mundo” é irreconciliável se nos assentamos para as duas em somente em uma das categorias: cidadania ou relig-iosidade.

Daí amigo por mais que nós dois possamos ser bastante consistentes e competentes na execução das “melodias” de nossas respectivas argumentações nunca as reconciliaremos porque (digamos)  você partiu de um instrumento afinado em sol maior e eu de outro afinado em ré menor.

Um abraço. 

Paulo Azambuja