sexta-feira, 27 de março de 2015

Manifesto para uma Ciência pós-materialista




Amigos:

Dentro de nosso acompanhamento constante da realização dessa “Atualidade” nos chega agora, em março de 2015, este manifesto científico recém lançado. 

A percepção gnóstica, já em 2008, permitiu-nos, no livro “Atualidade do Cristianismo Gnóstico”, antecipar alguns pontos deste manifesto. 

Vejamos o texto do livro: 

“Outra característica importante também surgida nesses últimos séculos foi a emergência do Raciocínio Concreto, desde a Renascença. Só que ainda sofrendo durante os primeiros duzentos anos uma repressão muito grande do sistema de crença dominante com força policial capitaneada pelo sistema da igreja romana.

Esse poder opressor só foi atenuado com a Revolução Francesa. A partir de então a ciência, que é filha direta desse raciocínio concreto, começou a se consolidar e a produzir cada vez mais frutos que são a tecnologia.

Até fins do século XIV, referindo-nos a Kant, que fez a distinção entre o que chamou: Razão Pura e Razão Prática, o âmbito de atuação da ciência era o âmbito da razão prática e o âmbito das transcendências, das éticas, enfim das situações subjetivas ficava, no contexto da razão pura. No entanto o poder econômico que a ciência ganhou com a tecnologia, fez com que os cientistas questionassem: Por que razão pura? Nós podemos com a ciência resolver todos os problemas e dar todas as respostas!

Desse modo, uma ideologia que já vinha se formando - o Naturalismo ou Materialismo Reducionista - que já era inspiração para a ciência, passou então, de inspiração, à afirmação científica. Isso é: a ciência passou a afirmar o materialismo reducionista como se fosse algo sujeito à comprovação pelos seus próprios métodos. Desse modo, por exemplo, para a ciência todo o conceito de existir se basearia na química.

Mas na verdade isso não é científico. Porque para ser científico teria que passar pelo crivo comprobatório do método científico. No entanto, além das especulações desejosas de uma fé e de um poder materialistas, a obtenção dessas provas resiste a qualquer resultado conclusivo já por quase duzentos anos.

E mais ainda, à luz de descobertas científicas recentes a tese materialista não se adéqua a uma série de experiências laboratoriais publicadas. Como por exemplo, em experiências estatisticamente consistentes da parapsicologia experimental (busque em Dean Radin), na microbiologia (procure em Michael Behe) e da medicina intensiva, nas chamadas “Experiências de Quase Morte” (EQM) nas quais há uma verificação controlada e testemunhada de estados de consciência ativos, observados em pacientes enquanto passaram por ocorrências de não funcionamento cerebral. (pesquise em NDE ou EQM). Procure também o trabalho do físico e espiritualista brasileiro Laércio Fonseca.

Essa atitude de afirmação materialista pela ciência é, portanto, meramente um cientificismo na qual, revestindo-se de uma capa e de um status de ciência, mas não conseguindo resistir a uma comprovação pelos próprios métodos científicos, não passa na verdade de uma ideologia, de uma profissão de fé.

E assim chega, já nos seus estertores, ao nosso século XXI. Mas ainda muito forte e ainda influenciando toda uma mentalidade maciçamente suportada pela mídia e pela academia que a partir do ocidente se transformou numa mentalidade global - uma mentalidade Reducionista Materialista planetária.

Ora, se existir é algo meramente químico, se a consciência é um epifenômeno bioquímico, então porque não se fazer com a química a expressão do apogeu da nossa vida e de nossa consciência? Frente às premissas materialistas, não é essa é uma conclusão bem coerente e razoável?

No entanto, verifica-se o desalento social, familiar e individual, quando essa mentalidade apresenta suas consequências, como nas drogas, no vício, na exacerbação sexual, etc. Aí os frutos são amargos e então há surpresa e perplexidade da humanidade; humanidade essa que passiva ou ativamente, no entanto, participa e incentiva das concepções e os decorrentes atos, do materialismo reducionista.”

Paulo Azambuja

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E agora o manifesto: 

Manifesto para uma Ciência pós-materialista
Publicado em 22 de marco de 2015

"Mais de 70 cientistas de diferentes áreas assinaram um manifesto para uma ciência pós-materialista, que foi publicado na revista “Explore”.

Para Dave Pruett, ex-pesquisador da NASA, Professor Emérito de Matemática da Universidade James Madison, este documento significa uma revolução conceitual e representa algo comparável na ciência ao que significaram para a religião cristã as 95 teses de Martinho Lutero.

Os redatores do manifesto foram Mario Beauregard, Gary E. Schwartz e Lisa Miller, em colaboração com Larry Dossey, Alexander Moreira-Almeida, Marilyn Schlitz, Rupert Sheldrake e Charles Tart. Todos são considerados cientistas heterodoxos (e em alguns casos, hereges) pelos setores dominantes da ciência, mas assim também o foram Copérnico, Galileu, Kepler ou Einstein, diz Pruett.

O Manifesto pós materialista foi a conclusão do encontro sobre ciência, espiritualidade e da sociedade, realizado no Canyon Ranch, em fevereiro de 2014 e organizado por Schwartz e Beauregard, da Universidade do Arizona, e Lisa Miller, da Universidade de Columbia. Até agora, mais de 70 cientistas de todo o mundo juntaram-se ao manifesto com suas assinaturas.

Manifesto para uma Ciência pós-materialista 

1- A visão de mundo da ciência moderna é essencialmente o resultado de pressupostos intimamente associados com a física clássica. O materialismo – a ideia de que a matéria é a única realidade – é um desses pressupostos. Outro pressuposto relacionado é o reducionismo, a noção de que as coisas complexas podem ser entendidas, reduzindo-as para interações entre suas partes ou a coisas mais simples mais fundamentais, como as minúsculas partículas materiais.

2- Durante o século XIX, estes pressupostos se estreitaram tornando-se em dogmas e levando a um sistema de crença ideológica que tem sido chamado de “materialismo científico”. Este sistema implica na crença de que a mente não é nada mais do que a atividade física do cérebro e que nossos pensamentos não podem ter nenhum efeito sobre o nosso próprio cérebro ou corpo, sobre nossas ações ou sobre o mundo físico.

3- A ideologia do materialismo científico tornou-se dominante na academia durante o século XX. Tão dominante que uma maioria de cientistas começou a acreditar que ele estava baseado em evidências empíricas bem estabelecidas e representavam a única maneira racional para se ver o mundo.

4- Os métodos científicos baseados na filosofia materialista foram muito bem sucedidos, não só para aumentar a nossa compreensão da natureza, mas, permitindo maior controle e liberdade através de avanços tecnológicos.

5- No entanto, o domínio absoluto do materialismo prático na academia foi restringiu e prejudicou seriamente o desenvolvimento do estudo científico da mente e da espiritualidade. A fé nesta ideologia cientifica como o único quadro explicativo da realidade levou a se negar a dimensão subjetiva da experiência humana. Isto levou a uma compreensão gravemente distorcida e empobrecida de nós mesmos e de nosso lugar na natureza.
O materialismo tem dificultado o estudo científico da mente e espiritualidade
'A mudança de uma ciência materialista para um pós-materialista pode ser de importância vital para a evolução da civilização humana. Pode ser mais relevante do que a transição do geocentrismo para heliocentrismo. '

6- A ciência é essencialmente uma abordagem não-dogmática e de mente aberta para se adquirir conhecimento sobre a natureza através da observação, investigação experimental e explicação teórica de fenômenos. Sua metodologia não é sinônimo de materialismo e não deve comprometer-se com qualquer conjunto particular de crenças, dogmas e ideologias.

7- No final do século XIX, os físicos descobriram fenômenos empíricos que não podiam ser explicadoS pela física clássica. Isto levou ao desenvolvimento durante os anos 1920 e início dos anos 1930 um revolucionário novo ramo da física chamado mecânica quântica. (MC). A MC tem questionado os fundamentos materiais do mundo, mostrando que os átomos e partículas subatômicas não são realmente objetos sólidos e que não existem com certeza em um lugar e de tempo definidos. Mais importante, a MC explicitamente introduziu a mente em sua estrutura conceitual básica para descobrir que as partículas observadas e o observador – o físico e o método utilizado para a observação - estavam vinculados. De acordo com uma interpretação do MC, este fenômeno implica que a consciência do observador é vital para a existência de eventos físicos observados e que eventos mentais podem afetar o mundo físico. Os resultados de experiências recentes suportam esta interpretação. Estes resultados sugerem que o mundo físico não é o componente único ou principal da realidade e não pode ser plenamente compreendido sem relacioná-lo com a mente.

8- Os estudos psicológicos têm mostrado que a atividade mental consciente pode influenciar causalmente o comportamento e que os valores explicativos e preditivos dos agentes causais (por exemplo, crenças, objetivos, desejos e expectativas) são muito elevados. Além disso, pesquisas em psiconeuroimunologia indicam que nossos pensamentos e emoções podem afetar significativamente a atividade dos sistemas fisiológicos (por exemplo, imunológico, endócrino e cardiovascular) conectados ao cérebro. Além disso, exames de neuroimagem de auto-regulação emocional, a psicoterapia e o efeito placebo mostram que os eventos mentais influenciam significativamente a atividade cerebral.

9- Os estudos dos chamados "fenômenos psi" indicam que, por vezes, pode-se receber informações significativas sem a mediação dos sentidos ordinários de modo que transcendam as fronteiras espaciais e temporais habituais. Além disso, a pesquisa mostra que podemos influenciar - à distância - mentalmente em dispositivos físicos e organismos vivos (incluindo outros seres humanos). A pesquisa psi também mostra que as mentes separadas podem se comportar de maneiras que não são correlacionados localmente, por exemplo, as correlações entre mentes separadas, hipoteticamente, não mediadas (não vinculadas a qualquer energia do sinal conhecido), absolutas (não degradadas como a distância) e imediatas (parecem ser simultâneas). Estes eventos são tão comuns que não podem ser vistos como anômalos ou como exceções às leis naturais, mas como indicadores da necessidade de um quadro explicativo mais amplo que não pode contar com o materialismo.

10- A atividade mental consciente pode ser experimentada durante a morte clínica devido a uma parada cardíaca [isto é o que tem sido chamado de "experiência de quase morte" (ECM). Algumas ECM provaram experimentar percepções verídica da realidade externa (percepções correspondentes à realidade) que ocorreram durante a parada cardíaca. Pessoas que sofreram EQMs também têm sofrido profundas experiências espirituais durante a parada cardíaca. Note-se que a atividade elétrica do cérebro cessa alguns segundos após a parada cardíaca.
Os fenômenos psi e as ECM apoiam a conclusão de que a mente pode existir separadamente do cérebro

11- Os experimentos controlados em laboratório têm documentado que pesquisadores com habilidades mediúnicas (pessoas que asseguram poder se comunicar com as mentes das pessoas que morreram fisicamente) podem às vezes obter informações muito precisas sobre as pessoas falecidas. Isto permite concluir que a mente pode existir separadamente do cérebro.

12- Alguns cientistas e filósofos especialmente imbuídos do materialismo rejeitam o reconhecimento desses fenômenos, porque eles não são consistentes com a sua exclusiva visão de mundo. A rejeição das investigações pós-materialistas da natureza, ou a recusa em publicar descobertas científicas importantes que suportam um quadro pós-materialista são contraditórias com o verdadeiro espírito de investigação científica, de acordo com o qual os dados empíricos devem ser sempre tratados de forma adequada. Os dados que não se encaixam nas teorias e crenças favoritas não podem ser negligenciados a priori. Esse desprezo é do domínio da ideologia, não da ciência.

13- É importante entender que os fenômenos psi, as ECM em paradas cardíacas e as evidências replicáveis de investigadores médiuns credíveis parecem anomalas somente quando vistas através da lente do materialismo.

14- Além disso, as teorias materialistas não conseguem explicar como o cérebro cria a mente e não podem explicar as evidências empíricas mencionadas neste manifesto. Esta falha nos diz que é hora de nos libertarmos dos grilhões e viseiras da velha ideologia materialista, para ampliar nossa compreensão do mundo natural e aderirmos a um novo paradigma pós-materialista.

15- De acordo com o paradigma pós-materialista:

a. A mente é um aspecto da realidade tão essencial como o mundo físico. A mente é fundamental no universo e não pode ser derivada da matéria ou reduzida a algo mais básico.
b. Há ligações profundas entre a mente e o mundo físico.
c. Os cientistas não devem temer a investigar espiritualidade e experiências espirituais, porque eles representam um aspecto central da existência humana."
d. A mente (vontade/intenção) pode influenciar o estado do mundo físico e agir de maneiras não-locais, nem limitar-se a pontos específicos no espaço, como o cérebro e o corpo, ou pontos específicos no tempo, como o presente. Como a mente pode influenciar não localmente sobre o mundo físico, as intenções, emoções e desejos de um experimentador não estão completamente isolados dos seus resultados experimentais, mesmo em modelos experimentais controladas e às cegas.
As mentes são aparentemente ilimitadas e podem ser vistas de modo a que sugerem a existência de uma única mente que inclui todas as mentes individuais.
e. As ECM em parada cardíaca sugerem que o cérebro funciona como um receptor da atividade mental, ou seja, a mente pode funcionar através do cérebro, mas não é produzida por este. A ECM ocorrendo em parada cardíaca, junto com a evidência de pesquisadores médiuns, sugerem a sobrevivência da consciência após a morte do corpo, bem como a existência de outros níveis da realidade que são imateriais.
f. Os cientistas não devem temer investigar a espiritualidade e as experiências espirituais, porque elas representam um aspecto central da existência humana.

16- A ciência pós-materialista não rejeita as observações empíricas nem o grande valor das realizações científicas feitas até agora. Busca ampliar a capacidade humana de compreender melhor as maravilhas da natureza e, no processo, redescobrir a importância da mente e do espírito, como partes do tecido central do universo. O pós materialismo inclui a matéria que é considerado como um constituinte básico do universo.

17- O paradigma pós-materialista tem implicações de longo alcance. Altera fundamentalmente a visão que temos de nós mesmos, restaura-nos a dignidade e poder, como seres humanos e como os cientistas. Este paradigma cultiva valores positivos como o respeito, a compaixão e a paz. Ao enfatizar a profunda ligação entre nós e toda a natureza, o paradigma pós-materialista promove a conscientização ambiental e preservação de nossa biosfera. Além disso, não é novo, mas tem sido esquecido durante 400 anos, que uma compreensão viva e transmaterial pode ser a pedra angular da saúde e bem-estar, como tem sido sustentado e preservado na prática antiga do corpo-mente-espírito, tradições religiosas e abordagens contemplativas.

18- A mudança de uma ciência materialista para uma pós-materialista pode ser de importância vital para a evolução da civilização humana. Pode ser mais relevante do que a transição de geocentrismo para heliocentrismo.


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