domingo, 30 de janeiro de 2022

A DIALÉTICA PURA



Comecemos consideando o texto abaixo ao qual, em seguida, acrescentarei  algumas minhas considerações: 

3,6,9 Reflexiones Matemagicas · Participar Magdalena Tkacz · 24 de janeiro às 17:41 · 1+1 = 3... 

QUANDO O UM ABSOLUTO SE DIVIDE Para os antigos o círculo era a figura perfeita, além do círculo estava o desconhecido, dentro do círculo a criação. Lembre-se que esse círculo é uma imagem do útero da mulher. Mas também é o número zero, portanto, entre o círculo que contém o Todo (Yang) e o zero que representa o Nada (Yin) forma-se o ovo universal (na verdade, o círculo também é um ovo) e deste ovo cósmico, como dizem todas as teo gônia, eles deram a Luz para a criação, o Um, o Absoluto. 

Daí o ponto, número 1. Mas este absoluto (prestem atenção) não é o que no Ocidente chamamos de Deus, porque só Deus (1) não pude ser reconhecido (não há fiéis que o chamem de meu Deus), ele precisa criar para se tornar Criador. Mas um Deus que precisa de algo, que Deus seria? Pobre, carente como nós, não é aquele que tem tudo... é lá que se manifesta a alteridade, o mundo dual, o movimento, a essência divina, de dentro: masculino e feminino, Yang e Yin, bem e mal, necessidade e saciedade. Se você olhar para a imagem, dentro do Uno está o Mundo Dual: o Bem e o Mal, preto e branco, Deus e Satanás. 

Então você percebe que o que no Ocidente chamamos de Deus é apenas uma parte do Um, uma manifestação do Ser absoluto e confundimos com o Deus Verdadeiro que também inclui o mal e não apenas o bem, porque o bem sem o mal não existiria de outra maneira. Como fazer ordem sem bagunça? Quantos círculos há no 1? Três, é a Tríade, também no átomo há 3 componentes (próton, eletrônico e neutrão). 

Platão disse que quando pensamos em nós mesmos criamos em nós a imagem de Eu próprio, tal como Deus faz (nos fez pensando a si mesmo). Então dentro de nós os círculos se unem (ver imagem) mente e coração se unem e formam o que Platão chama de Demiurgo, em geometria é uma figura chamada Vesica Peixes (tem a forma de uma vulva oval ou amêndoa). Prestem atenção: quanto é 1 + 1 em matemática? é = 2. No espírito em vez disso 1 + 1 = 3, por exemplo 1 homem junta-se a uma mulher e tem um filho portanto 1 + 1 = 3. Em nós essa amêndoa é uma dimensão triniitária √3. No Egito chamava-se Maat, os babilônios chamavam-lhe Me, para os Vedas dentro dessa amêndoa ou casca está o som OM do universo (a nota Fa da Criação).

***   
Minhas considerações : 

A DIALÉTICA PURA 

Há muito mais a dizer sobre o conteúdo deste texto, mas permita-me aqui só apontar brevemente algumas observações: 

Realço do texto: 

“Mas um Deus que precisa de algo, que Deus seria? Pobre, carente como nós, não é aquele que tem tudo...” 

“Mundo Dual: o Bem e o Mal, preto e branco, Deus e Satanás...” 

Minhas observações: 

Deus não “TEM tudo”, Deus “É tudo” 

O “misterioso salto descontínuo” entre o Deus transcendente e o Deus imanente (dois estados atemporais que convivem eternamente), ao contrário, não traz uma limitação ao absoluto, que continua “lá” só que agora, em acréscimo (e não em limitação), também se representa “aqui” e assim traz o estado de manifestação que gera a pluralidade da criação e consequentemente uma NOVA possibilidade de comunhão nessa pluralidade. 

A dualidade original criada NÃO É o “bem x mal” como agora a experimentamos, mas sim a alternância entre ausência e a presença, e toda a dinâmica superior que daí resulta. 

Para tal ilustramos: pressuponha uma sinfonia musical na sua alternância rítmica entre as vibrações (notas) e silêncio (pausas). Se você desfaz a partitura separando as vibrações do silêncio toda a harmonia colapsa no caos resultante. Portanto o só BEM transcendente não se perde nesta composição, mas, ao contrário, o LOUVA e consegue a maravilhosa façanha de nos apresenta-Lo na HARMONIA da dualidade ORIGINAL (presença e silêncio), composta intencionalmente por uma criatura que a manifesta inspirada na emanação do Deus transcendente que está antes de tudo EM SI. 

O símbolo taoísta de Yin Yang representa exatamente essa dialética PURA original com a conhecida figura geométrica que mostra a HARMONIA dinâmica e complementar entre a “presença e a ausência” sempre emoldurados pelo terceiro elemento - o círculo – que lhes dá espaço de manifestação e substância. 

O “mal como o conhecemos e o “bem” descaracterizado que assim, em decorrência, se confina e pasteuriza à sua sombra, é a consequência da trajetória da experiência desviante do arbítrio inerente à liberdade colocada como atributo necessário da diversidade criada. 

Quando o arbítrio da consciência da criatura passa a manifestar um desvio do seu SER ORIGINAL interior, que representa em si presença do Deus transcendente, subvertendo-o em "TER", assim desfaz toda a harmonia da partitura “vibração-silêncio” original desconstruindo a arquitetura equilibrada da geometria da clássica figura do Yin Yang. 

Portanto não é necessária e nem é a intenção da manifestação suprema a existência desse mundo com essa dialética contaminada entre o mal que ofende e bem que se defende. 

Ao contrário, este é o cenário do “reino da manifestação da morte” como diz Jacob Boheme, que subverte temporariamente os requisitos da criação evolutiva e virtuosa original e assim, em consequência, passa a não ser eterno se deteriorando inexoravelmente até a extinção. 

Paulo Azambuja