domingo, 30 de janeiro de 2022

A DIALÉTICA PURA



Comecemos consideando o texto abaixo ao qual, em seguida, acrescentarei  algumas minhas considerações: 

3,6,9 Reflexiones Matemagicas · Participar Magdalena Tkacz · 24 de janeiro às 17:41 · 1+1 = 3... 

QUANDO O UM ABSOLUTO SE DIVIDE Para os antigos o círculo era a figura perfeita, além do círculo estava o desconhecido, dentro do círculo a criação. Lembre-se que esse círculo é uma imagem do útero da mulher. Mas também é o número zero, portanto, entre o círculo que contém o Todo (Yang) e o zero que representa o Nada (Yin) forma-se o ovo universal (na verdade, o círculo também é um ovo) e deste ovo cósmico, como dizem todas as teo gônia, eles deram a Luz para a criação, o Um, o Absoluto. 

Daí o ponto, número 1. Mas este absoluto (prestem atenção) não é o que no Ocidente chamamos de Deus, porque só Deus (1) não pude ser reconhecido (não há fiéis que o chamem de meu Deus), ele precisa criar para se tornar Criador. Mas um Deus que precisa de algo, que Deus seria? Pobre, carente como nós, não é aquele que tem tudo... é lá que se manifesta a alteridade, o mundo dual, o movimento, a essência divina, de dentro: masculino e feminino, Yang e Yin, bem e mal, necessidade e saciedade. Se você olhar para a imagem, dentro do Uno está o Mundo Dual: o Bem e o Mal, preto e branco, Deus e Satanás. 

Então você percebe que o que no Ocidente chamamos de Deus é apenas uma parte do Um, uma manifestação do Ser absoluto e confundimos com o Deus Verdadeiro que também inclui o mal e não apenas o bem, porque o bem sem o mal não existiria de outra maneira. Como fazer ordem sem bagunça? Quantos círculos há no 1? Três, é a Tríade, também no átomo há 3 componentes (próton, eletrônico e neutrão). 

Platão disse que quando pensamos em nós mesmos criamos em nós a imagem de Eu próprio, tal como Deus faz (nos fez pensando a si mesmo). Então dentro de nós os círculos se unem (ver imagem) mente e coração se unem e formam o que Platão chama de Demiurgo, em geometria é uma figura chamada Vesica Peixes (tem a forma de uma vulva oval ou amêndoa). Prestem atenção: quanto é 1 + 1 em matemática? é = 2. No espírito em vez disso 1 + 1 = 3, por exemplo 1 homem junta-se a uma mulher e tem um filho portanto 1 + 1 = 3. Em nós essa amêndoa é uma dimensão triniitária √3. No Egito chamava-se Maat, os babilônios chamavam-lhe Me, para os Vedas dentro dessa amêndoa ou casca está o som OM do universo (a nota Fa da Criação).

***   
Minhas considerações : 

A DIALÉTICA PURA 

Há muito mais a dizer sobre o conteúdo deste texto, mas permita-me aqui só apontar brevemente algumas observações: 

Realço do texto: 

“Mas um Deus que precisa de algo, que Deus seria? Pobre, carente como nós, não é aquele que tem tudo...” 

“Mundo Dual: o Bem e o Mal, preto e branco, Deus e Satanás...” 

Minhas observações: 

Deus não “TEM tudo”, Deus “É tudo” 

O “misterioso salto descontínuo” entre o Deus transcendente e o Deus imanente (dois estados atemporais que convivem eternamente), ao contrário, não traz uma limitação ao absoluto, que continua “lá” só que agora, em acréscimo (e não em limitação), também se representa “aqui” e assim traz o estado de manifestação que gera a pluralidade da criação e consequentemente uma NOVA possibilidade de comunhão nessa pluralidade. 

A dualidade original criada NÃO É o “bem x mal” como agora a experimentamos, mas sim a alternância entre ausência e a presença, e toda a dinâmica superior que daí resulta. 

Para tal ilustramos: pressuponha uma sinfonia musical na sua alternância rítmica entre as vibrações (notas) e silêncio (pausas). Se você desfaz a partitura separando as vibrações do silêncio toda a harmonia colapsa no caos resultante. Portanto o só BEM transcendente não se perde nesta composição, mas, ao contrário, o LOUVA e consegue a maravilhosa façanha de nos apresenta-Lo na HARMONIA da dualidade ORIGINAL (presença e silêncio), composta intencionalmente por uma criatura que a manifesta inspirada na emanação do Deus transcendente que está antes de tudo EM SI. 

O símbolo taoísta de Yin Yang representa exatamente essa dialética PURA original com a conhecida figura geométrica que mostra a HARMONIA dinâmica e complementar entre a “presença e a ausência” sempre emoldurados pelo terceiro elemento - o círculo – que lhes dá espaço de manifestação e substância. 

O “mal como o conhecemos e o “bem” descaracterizado que assim, em decorrência, se confina e pasteuriza à sua sombra, é a consequência da trajetória da experiência desviante do arbítrio inerente à liberdade colocada como atributo necessário da diversidade criada. 

Quando o arbítrio da consciência da criatura passa a manifestar um desvio do seu SER ORIGINAL interior, que representa em si presença do Deus transcendente, subvertendo-o em "TER", assim desfaz toda a harmonia da partitura “vibração-silêncio” original desconstruindo a arquitetura equilibrada da geometria da clássica figura do Yin Yang. 

Portanto não é necessária e nem é a intenção da manifestação suprema a existência desse mundo com essa dialética contaminada entre o mal que ofende e bem que se defende. 

Ao contrário, este é o cenário do “reino da manifestação da morte” como diz Jacob Boheme, que subverte temporariamente os requisitos da criação evolutiva e virtuosa original e assim, em consequência, passa a não ser eterno se deteriorando inexoravelmente até a extinção. 

Paulo Azambuja 

terça-feira, 9 de fevereiro de 2021

LIMITES

 Pode ser uma imagem de céu e texto

Aos problemas e desacertos constantemente indicados podem se acrescentar inúmeros outros no comportamento das instituições, dos grupos e de cada ser humano. Isso significa que há uma deficiência fundamental no estado atual de manifestação da consciência humana, um poder nefasto que paira acima de toda a vida e ação da humanidade, que a envolve e embota e que a fez, em cumplicidade, acumular os seus detritos até que agora já se avolumam de modo insuportável e irreversível descaracterizando a própria essência humana e comprometendo seu objetivo inicial elevado de vida pessoal, planetária e cósmica.


Me parece que uma contribuição à percepção, dos que ainda podem ver, que essa situação de pandemia está claramente mostrando, é que não será mais mitigando cada sintoma sem poder curá-lo, pela ignorância sobre as causas primeiras da doença, que se resolverá alguma coisa. E esses remendos, uns sobre os outros, que a política, a ciência e a religião vem colocando nesse tecido cada vez mais esgarçado já o faz tão roto que não mais serve para vestir e agasalhar nem mesmo um mendigo.

Ainda mais acontece que os melhores e mais bem intencionados da humanidade, insistindo em sua visão materialista reducionista horizontal, não sabem fazer nada mais do que de novo e de novo propor aqui e acolá mais um adiamento paliativo.

Chegamos ao LIMITE e alguma destruição violenta lamentavelmente se avizinha pelas ações declaradas da minoria dos piores que dirige o mundo. Virá, tanto pelo recrudescimento das atrocidades bélicas que já estão constantemente matando e mutilando indefesos e que num extremo podem destruir todo o planeta, como também pelo anunciado desequilíbrio ecológico.

Quando se procura nas tradições mais nobres de todos os tempos veremos sempre uma sabedoria original nos arquétipos de todas as grande culturas e povos não só apontando as causas fundamentais e mesmo antecipando os desdobramentos de uma ação da humanidade que se desvia de sua essência espiritual superior. As vozes dessa sabedoria milenar hoje clamam no deserto, pois não mais se pode e nem se quer ouvi-las.

E é aí, nessa atitude e cumplicidade da humanidade, que está a causa fundamental desse desenrolar nefasto.
Esses são os últimos tempos dessa civilização mesclada mas também os primeiros de uma nova civilização divina e do Só Bem.

Está no resgate e no profundo discernimento do que esses arquétipos espirituais de todos os tempos tem a nos dizer que os primeiros passos para uma profunda regeneração podem e terão que ser empreendidos.

Mas só aos que tem ouvidos para ouvir.

Paulo Azambuja

domingo, 7 de fevereiro de 2021

COMENTANDO UM TRECHO DO LIVRO: "O QUE FAZ VOCÊ SER BUDISTA?" de Dzongsar Rinpoche

 

Pode ser uma ilustração
Destaco o trecho:
***
"Essas quatro afirmações, ditas pelo próprio Buda, são conhecidas como “os quatro selos”. De modo geral, selo significa uma marca que confirma a autenticidade:
Todas as coisas compostas são impermanentes.
Todas as emoções são dor.
Todas as coisas são desprovidas de existência intrínseca.
O nirvana está além dos conceitos.”
***
Minha questão é:
Dentro deste “TODAS as coisas” está também o Nirvana? Ou o Nirvana é “outra coisa” ou mesmo uma “não coisa”? Se for assim em ambos os casos (outra ou não coisa) estará fora do conceito de TODAS! E neste caso alcançar o Nirvana seria, dualisticamente, sair fora desse “TODAS”, o que implica que não seria mais um ”TODAS” definitivo mas sim um “todas” relativo.
Mas se, ao contrário, se considerar que o Nirvana está também incluído em uma dessas tantas ‘Todas as coisas’, neste caso alcançá-lo seria conquistar um sossego conformado pois que, sendo posta a impermanência absoluta de TODAS as coisas e o Nirvana, sendo também uma delas, seria necessariamente impermanente e em última instância perecível.
Uma outra reflexão fundamental a destacar sobre o budismo é sobre a busca do estado de Buda - AQUELE QUE SE ILUMINA. Assim a questão é: Que luz é essa que ilumina o estado de BUDA? Está também dentro dessas “TODAS AS COISAS”?
Paulo Azambuja
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quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

ALGUMAS QUESTÕES SOBRE UM TEXTO DE KRISHNAMURTI



Primeiro copio um texto de Krishnamurti e em seguida proponho algumas questões. 

Eis o texto: 

Jiddu Krishnamurti - No Curso da Existência 

"Pergunta: Você acredita em Deus?
Krishnamurti: O importante é descobrir por que você busca Deus; pois quando você está feliz ou está apaixonado, não busca amor, felicidade. Então você não acredita no amor – você é amor. Apenas quando não existe alegria, felicidade, você tenta buscá-la. Você está buscando Deus porque diz a si mesmo “Eu não posso compreender esta vida, com sua miséria, injustiça, com suas explorações e crueldades, com seus amores que mudam e suas constantes incertezas. Se eu puder compreender a realidade que é Deus, então todas essas coisas passarão”. Para um homem na prisão, a liberdade só pode existir num voo imaginativo. Sua busca pela realidade, por Deus, não é nada mais que fuga do fato. Se você começar a se libertar da causa do sofrimento, libertar a mente das brutalidades da ambição pessoal e do sucesso, da ânsia por segurança individual, então há verdade, realidade. Então você não perguntará ao outro se existe Deus. A busca por Deus, para a grande maioria das pessoas, é só uma fuga do conflito, sofrimento. Elas chamam esta fuga de religião, a busca da eternidade, mas o que estão de fato buscando é simplesmente uma droga para fazê-las adormecer. 
A causa fundamental do sofrimento humano é seu egoísmo, expressando-se de várias formas, essencialmente na sua busca por segurança através da imortalidade, possessividade e autoridade. Quando a mente estiver livre destas causas que criam conflito, então você compreenderá, sem crenças, aquilo que é imensurável, aquilo que é realidade. Uma mente carregada com crença, com preconceito, uma mente que é preparada, não pode descobrir o desconhecido. A mente deve estar inteiramente despida, sem qualquer apoio, sem qualquer desejo ou esperança. Aí está a realidade, que não pode ser medida por palavras. Assim, não busque inutilmente por aquilo que é, mas descubra os impedimentos, os obstáculos que impedem a mente de perceber a verdade. Quando a mente está criativamente vazia existe o imensurável. "

*** 
Eis minhas questões:

- Antes de perguntar sobre ‘deus’ que tal começarmos perguntando sobre nós

1- Você pode afirmar sempre - em um estado permanente de ser: Eu sou amor? 
2- A felicidade plena - perene - existe na manifestação humana atual? 
3- É essa imaginação persistente uma quimera inconsequente e sem nenhuma possibilidade de realização, pois que não há nada a buscar fora dessa realidade humana, ou há sim uma essência fundamental e, portanto, um sentido nessa busca? 
4- E se o há, pode ser nomeado? 
5- Por que você, assim como o resto da natureza, simplesmente não vive sem questionar a essência e o sentido da vida? O que tem o ser humano que o faz não só estar inadequado e sofredor em relação a vida, mas observar e refletir sobre isso, questionar isso e não se conformar com isso? 
6- Se há do que se libertar (como esta no texto de K) tal implica em duas coisas: ¹Você está preso – portanto tal é uma condição circunstancial e não ontológica; ²Se está preso é porque existe algo fora dessa prisão e por mais forte que sejam as suas grades a pretensão de libertação é legítima e o lugar - a liberdade – ‘lá fora’ é real.
7- O fato de suas ego-soluções para a essa questão serem desviantes e ainda mais aprisionadoras implica em que a essência da questão fundamental que o move (embora a perceba e formule inadequadamente) seja ilegítima? 
8- É o egoísmo humano inerente à sua natureza fundamental ou é simplesmente uma grave e profunda patologia espiritual que o contaminou e, assim sendo, há uma condição humana sã subjacente a essa ego-patologia?
*** 
K: “Quando a mente estiver livre destas causas que criam conflito, então você compreenderá...”
 
Concordo integralmente, mas...
 - Como fazer para me tornar livre? Ou, mais precisamente: como a livre plenitude fundamental pode se manifestar através de mim?
- Quem afastará o Ego? O próprio Ego? Um grupo de Egos
- Há na manifestação que eu represento uma outra consciência latente, não egóica, que pode ser a que liberta o sistema espiritual humano? 
- Mesmo essa outra, supondo que haja, pode fazê-lo por si só visto que está embrenhada numa força egóica prevalente? 
- Precisará necessariamente de ajuda? 
- Quem pode ajuda-la? 

*** 
CONSIDERAÇÕES ADICIONAIS

Pergunta de um leitor: Quem vai buscar? E porque quer buscar? Não é essa busca outra armadilha do ego? São questões que embora sem respostas, elas precisam serem feitas. A questão é: quem a está fazendo e porquê? 

Minha resposta: As perguntas que propus tem o objetivo de abrir a reflexão sobre o dualismo que se encontra por exemplo na gnósis cristã valentiana e em muitas outras perspectivas espirituais. Espero que cada questão seja meditada bem de vagar, profunda e socraticamente pois se já entrarmos nela armados com nossas percepções assumidas, certamente egóicas, serão de todo inúteis. 

Era minha minha intenção que as perguntas propostas pudessem ser desvendadas a partir das reflexões que fiz. 

Existe alguém mais que o Ego nessa manifestação embora certamente o Ego a distorça porque no seu estado de ser atual ele tem destaque e prevalência. Mas este alguém - que está também aí - aprisionado, mas clamante - é de outra natureza, da natureza pura original. 

Assim o dualismo gnóstico propõe o cenário para essa investigação: duas ordens de natureza - a natureza original pura e a natureza atual decaída na dualidade instável e sempre mortal. É certo que o Ego manifestando essa natureza dual, embora muitas vezes sob o impulso genuíno do outro, sempre a distorce.
Quando vemos, por exemplo, K dialogando numa sala com dois ou três teríamos que assumir que ali (fora K) não estariam dois ou três, mas sim quatro ou seis. 

Portanto ao colocar o foco no Ego entendo que se está, monisticamente, descartando o genuíno impulso do outro pela Verdade. Esse genuíno impulso, embora passe e se distorça pelo Ego que lhe está à frente, deve ser destilado para que se compreenda genuinamente qual é o legítimo desejo fundamental de “libertação”, que está na essência dos diálogos em questão. 

Penso que as importantes proposições krishnamurtianas são oportunamente demolidoras pois desmascaram as artimanhas do Ego ao tentar cooptar as genuínas pretensões do outro, do “filho pródigo”. Mas, por outro lado, por não colocar este outro nas suas reflexões (embora muitas vezes o subentenda - como por exemplo em ocasiões em que se refere a si mesmo como ‘aquele menino esquisito de mente vazia’) o ensinamento de K empaca e fica sempre inconclusivo.

Paulo Azambuja

quarta-feira, 27 de maio de 2020

GNOSTICISMO E CATARISMO – AGORA




Em 1945 jovens pastores encontraram em uma caverna do deserto egípcio de Nag-Hamadi uma extensa biblioteca relativa ao cristianismo gnóstico vivo e atuante nos primeiros séculos e que estava há mais de um milênio esquecida. Essa foi a mais importante descoberta sobre as origens do cristianismo para o mundo atual, recuperando a perspectiva dos seus primeiros séculos apagada pela igreja romana.

O Evangelho Gnóstico de Tomé, um dos códices mais importantes desta descoberta, foi considerado por muitos estudiosos acadêmicos como um dos textos mais antigos do cristianismo, trazendo provavelmente ditos recolhidos diretamente das preleções de Jesus aos seus discípulos. No seu dito [10] Jesus diz: “Eu lancei fogo sobre a terra e eis que vigio até que arda”. 

Podemos então considerar que esses primeiros dois mil anos de cristianismo foram os do lançar desse fogo sobre a Terra e agora temos que reconhecer que esse fogo está ardendo e se alastrando por toda a civilização. É hora, portanto, de passarmos a considerá-lo seriamente. As cinzas desse ardor serão o adubo para o fundamento de um Novo Homem e de um Novo Mundo, um preenchimento moral racional superior, divino, para uma nova próxima civilização muito mais harmônica e pura, como foi delineada na breve e marcante civilização Cátara na Occitânia nos séculos XII e XIII.

Segundo o acadêmico e bispo gnóstico húngaro-americano Dr. Stephan Hoeller: “Esse é o tempo em que a Gnose - o reconhecimento do Verdadeiro Divino - não é mais um luxo, mas uma necessidade absoluta”. 

O CRISTIANISMO DO PRINCÍPIO 

O Cristianismo Gnóstico do princípio é na verdade a interpretação essencial e absolutamente original do cristianismo com uma teologia e uma prática fundamentalmente diferentes da visão ortodoxa.

Nos primeiros séculos coexistiam duas vertentes no cristianismo: a gnóstica e o ramo proto-ortodoxo. E aqui destacamos dois representantes dessas duas vertentes: o bispo gnóstico, Valentino, e seu grande opositor ortodoxo, o bispo de Lion, Irineu. Havia litígios entre essas duas correntes, mas que então ainda permaneciam mais em um nível ideológico de disputa.

Irineu de Lyon (130 -202 DC): “É preciso obedecer aos padres que estão na Igreja, isto é, àqueles que pertencem à sucessão dos apóstolos, pois eles recebem, simultaneamente com a sucessão episcopal, o dom certo da verdade.” - “Contra as Heresias” 

Ev. de Tomé [dito 87]: “Miserável é o corpo que depende de outro corpo e miserável a alma que depende desses dois.”

Valentino de Alexandria (100 -160 DC): “E Sofia, olhando do alto, viu essa força leonina nas regiões inferiores [4ª Região] e não sabia que ela pertencia a Authades, antes pensou que ela pertencia à Luz que viu nas asas do tesouro da Luz, e ponderou consigo mesma: eu irei para a minha sizígia e seu lugar, para que tome a luz que os eões criaram para mim, afim de que, através dela, eu possa subir para a altura das alturas” - “Pistis Sophia”

Um grande momento dessa coexistência foi o da candidatura a bispo de Roma, no século II, do eminente gnóstico alexandrino Valentino, que se tivesse sido vitoriosa certamente determinaria um totalmente outro desenvolvimento para o cristianismo. Valentino entendia que a manifestação exterior da Igreja que estava se construindo deveria contemplar o aspecto gnóstico na sua essência, em uma gestão pneumática, e o aspecto ortodoxo na sua generalidade, para uma grande massa de anelantes psíquicos (como séculos mais tarde aconteceu com a civilização cátara), pois assim se contempla e abarca necessidades de níveis distintos de consciência em convergência libertadora. 

FUNDAMENTOS DO GNOSTICISMO CRISTÃO

O gnosticismo trata os temas sagrados transmitindo seus ensinamentos arquetipicamente, pelo conhecimento direto do coração, de um modo muito mais profundo do que simplesmente como uma mera reportagem factual histórica.

Atos de João – (apócrifo): “Percebe em primeiro lugar a palavra e então perceberás o Senhor, e só, em terceiro lugar, o homem e aquilo que ele sofreu.” 

Evangelho da Verdade – (apócrifo): “Se alguém tem conhecimento há de receber o que é seu e o atrairá para si. Quem conhecer dessa maneira sabe de onde veio e para onde vai.” 

Teodoto (150 d.C): "Um gnóstico é aquele que... Chegou a compreender; Quem éramos; Onde estávamos; Para onde nos precipitamos; De que estamos sendo libertos; O que é nascimento; O que é renascimento."

Comentando:

1 - Chegou a compreender: Retomou a consciência, lembrou-se, discerniu.

Como na parábola, o Filho Pródigo era o filho de um rei que tinha deixado o reino de origem e estava no momento sob o jugo de um feitor, sendo seu zelador de porcos. E assim ficou por muito tempo, dissipando suas energias originais. Até que se lembrou que não era dali e assim encetou o processo de retorno à Casa do Pai de origem.

2 - Quem éramos. Éramos um ser humano divino, puro, em eterna evolução na Casa do Pai ou o Reino de Deus.

3- No que nos tornamos. Tornamo-nos no homem mortal preso na roda de Samsara na qual nascer, crescer, morrer, renascer..., é dor. A roda desse mundo.

4 - Onde estávamos. Na Casa do Pai. O Filho Pródigo não é nascido e criado no reino do feitor. O Filho Pródigo tem uma origem divina e pura na Casa do Pai.

5 - Para onde nos precipitamos. Para esse mundo. “Meu Reino não é desse mundo”, o nosso atual mundo, o nosso atual estado de consciência que gera, como resultante, esse mundo mesclado, instável e auto destrutivo em que vivemos.

6 - De que estamos sendo libertos. Nós somos completamente prisioneiros! Toda a questão verdadeiramente religiosa, sagrada, não é uma questão de conservação da prisão nem uma questão de melhoria da condição do preso. Estamos sendo libertos de uma “harmatia” fundamental (palavra grega que significa desvio do alvo, como consta dos textos originais e que foi semânticamente se deturpando no conceito atual ortodoxo - cheio de culpa, impotência  e medo - do termo "pecado"). Desviamo-nos de um alvo e assim nos aprisionamos nesse mundo, nesse estado de consciência. Sendo assim deveremos primeiro que tudo sermos libertos do desvio de alvo que originalmente a consciência iludida empreendeu para que possamos retornar ao nosso mundo de origem, a Casa do Pai.

7 - O que é nascimento. Nascimento é a entrada na vida mortal do Filho do Homem.

8 - O que é renascimento. É a ressurreição da consciência e da estrutura do Filho de Deus original. É o objetivo final que o cristianismo original veio empreender para esses tempos.

O gnosticismo nos traz a revelação das duas ordens de natureza irreconciliáveis amalgamadas de modo forçado por um Demiurgo que mantém a humanidade numa mescla instável em que forças divinas puras foram misturadas às escuras, destrutivas, o que gera sempre de novo a roda da morte de cada ser humano, da humanidade e da civilização. Em consequência nos aponta para a necessidade de uma profunda reestruturação do ser humano de modo a ser empreendida a libertação desse jugo e a volta ao estado original do mundo divino - do Só-Bem superante.

Sempre houve grupos de seres humanos que percebendo interior e exteriormente essa realidade se ligaram à força e orientação da Fraternidade Crística Divina Libertadora para empreender essa profunda transformação e porisso sempre sofreram a violenta perseguição das forças opositoras instituídas nesse mundo.

A HEGEMONIA IMPERIAL CATÓLICA 

Após a derrota da candidatura de Valentino como bispo de Roma no sec. II, a ortodoxia promoveu um afastamento litigioso do gnosticismo, mas que ainda por um tempo ficou mais num nível de incompatibilidade ideológica, até que ganhou no século IV o poder imperial com a conversão ao cristianismo do imperador romano Constantino.

Então a ortodoxia com o poder político-militar do império romano ocidental passou a decidir arbitrária e autocraticamente o que deveria ser considerado certo e o que deveria ser errado, exigindo obediência incondicional à sua hierarquia. Rompeu-se então qualquer possibilidade de convívio entre as duas correntes do cristianismo do princípio  e o que a ortodoxia considerasse errado deveria ser queimado, primeiro os livros e depois seus autores e leitores.

Com base no pecado original, na culpa, na infalibilidade dogmática dos sacerdotes, no autoproclamado direito divino, com o monopólio do poder de vida e de morte pela posse das “chaves do céu e do inferno” implantou o medo como tática de dominação das almas. Assim o império hegemônico de Jeová, o “Príncipe desse Mundo”, assume o controle do cristianismo desde o trono romano de são Pedro pelos séculos à frente.

A denominação “cristianismo” passou a se referir exclusivamente às percepções, interesses materiais, disposições doutrinárias, dogmas, conquistas políticas e militares da instituição romana, o que também ocorreu no ramo ortodoxo bizantino; e esse “cristianismo” se consolidou. Tudo o mais era heresia.

Com isso alguns eminentes ungidos gnósticos deixaram a Palestina e deram origem a grupos que resistiram e resistem até hoje como chamas vivas. E assim foi o grupo de André nos Balcãs do qual se originaram os Bogomilos e o grupo de Maria Madalena no sul da França. Mais tarde o encontro desses grupos na Occitânea deu origem aos Cátaros.

Pierre Authier um cátaro do sec. XIV, disse: “Há duas Igrejas, uma foge e redime e a outra possui e suga.”

A NAÇÃO CÁTARA

A prática gnóstica não é uma mera utopia, pois na verdade sua realização já aconteceu na história em muitas manifestações e uma das mais significativas foi, durante mais de duzentos anos, a civilização cátara, um movimento de renovação espiritual fundamental que se estabeleceu na Europa Ocidental, principalmente no sul da França e na Catalúnia entre os anos de 1100 e 1200, cujos sacerdotes professavam um cristianismo original com a influência profunda do gnosticismo.

O movimento cátaro originou-se de três ramos principais: ¹a emigração no século X dos bogomilos eslavos durante os tempos de repressão após serem forçados pela ortodoxia oriental a um violento batismo, ²os seguidores da escola teológica de Maria Madalena, as noivas matrimoniais de Cristo, e ³os herdeiros dos antigos sábios da Babilônia, Egito e Partos: gnósticos, órficos, maniqueus, sufis, cabalistas etc.

Seu ápice ocorreu no século XII, quando cidadãos de Languedoc repudiaram a Igreja Católica – por eles chamada de Igreja dos Lobos – e estabeleceram um cristianismo alternativo à hegemonia romana. 

Sob a influência do sistema de crença da Igreja Cátara estabeleceu-se uma nação que se tornou a civilização culturalmente mais avançada da Europa naqueles tempos.

Como alguns exemplos de sua influência civilizatória inédita para a época temos: A mulher, tal como Maria Madalena nos evangelhos gnósticos, podia praticar o sacerdócio cátaro em igualdade de condições com o sacerdócio masculino. Esse avanço doutrinário se refletia na prática social, sendo a liberdade da mulher um dos avanços mais significativos dessa sociedade fazendo, por exemplo, que ela pudesse, inclusive, tomar a iniciativa do divórcio.

O dualismo doutrinário cátaro distinguia bem as coisas de César, isto é, as coisas desse mundo, das coisas de Deus, e, dessa forma, não interferia, por exemplo, em práticas inerentes ao comércio. Sendo assim a classe dos comerciantes pode dinamizar muito suas atividades com, por exemplo, a aceitação da remuneração dos empréstimos.

Os senhores feudais, não mais podendo contar com o conceito de direito divino, conceito esse quebrado pela doutrina da reencarnação professada pelos cátaros, tiveram seu poder relativizado. Com isso sua atuação ficou bem mais balizada, tornando-se menos arbitrários e até mesmo uma força ativa na defesa dessa civilização na guerra empreendida pela ortodoxia romana.

Dos séculos XII ao XIII o crescimento da civilização cátara foi tão significativo que ameaçou profundamente a hegemonia do poder romano e levou o Papa Inocêncio III e Felipe II, rei de França, a deflagrarem a Cruzada contra os Albigenses, dizimando essa civilização (materialmente mas não espiritualmente) num massacre que, mesmo com todo o acobertamento histórico, é considerado um dos mais violentos de nossa civilização.

Aqui o fogo lançado sobre a terra, segundo Tomé, ardeu fortemente quando em março de 1244 duzentos perfeitos cátaros foram queimados em uma enorme pira no Campo dos Queimados perto da fortaleza cátara de Montségur no sul da França.

Os cátaros acreditavam que somente o amor puro e perfeito poderia mudar o mundo. A perfeição espiritual foi alcançada através da adoração especial à Deusa Virgem Mãe, que foi identificada com a Igreja Branca do Amor Minné.

Guilhèm Belibastes, o último perfeito cátaro, ao ser conduzido à fogueira pela inquisição romana em 1321 declarou: “Em 700 anos o laurel reverdecerá”

A ATUALIDE DO CRISTIANISMO GNÓSTICO – LIMITES 

Em 2008 editei um pequeno livro: “Atualidade do Cristianismo Gnóstico” em que no capítulo – Limites – colocava:

“Agora, chegando ao primeiro quarto do século XXI, a revelação gnóstica se mostra óbvia e todos os falsos valores dessa civilização se desmascaram. As ameaças cada vez mais globais: doenças, ódio, egoísmo, guerras, impactos ambientais e, por fim, os problemas de costumes.

A humanidade perdeu a sua capa moral e assim só lhe resta o vazio, que explode nos vícios, na ganância e na sensualidade desmedida. Os “valores” pélvicos abafam quase que completamente os apelos da reminiscência de um puro coração gnóstico aprisionado.

E tudo isso sob o controle de uma hierarquia política econômica que, sob o jugo dos eons do “outro lado”, leva à completa destruição de nossos valores humanos. Chegamos assim a um definitivo diagnóstico: Estamos numa crise de limite de consciência. Tudo o mais são os sintomas dessa crise.

O vinho novo, o Sangue Real crístico, não pode ser colocado em nossas velhas taças de manifestação. Precisamos de um Santo Graal puro completamente novo. O que é novo se avizinha e o que é velho tem que passar! O cristianismo do princípio não é um reformador ou um recauchutador de odres velhas e nem pinta túmulos com tinta branca e a retífica que foi aberta em seu nome só fez desfigurá-lo por dois mil anos. Urge que busquemos uma conversão ao gnosticismo do princípio, pois estamos definitivamente diante de uma opção: ou uma ressurreição ou uma queda ainda maior.

O discernimento, a gnose incorporada ao nosso sangue, será uma benvinda primeira conversão ao cristianismo original virtuoso, necessária no desenvolvimento espiritual da alma e propiciando que cada um em seus grupos espirituais vá além de uma retórica preparatória e parta para a efetiva ação libertadora. Mas um novo e definitivo passo, uma segunda conversão, ainda deve ser dado pois o discernimento é necessário, mas ainda não é suficiente.

A EXPERIÊNCIA GNÓSTICA – A AÇÃO LIBERTADORA

Diante da iminência dos acontecimentos é fundamental que partamos para mais além da cultura e mesmo do “prazer” de ficarmos teoricamente ancorados nos sólidos e belos fundamentos, mas sim que os incorporemos como balizadores de uma nova atitude de vida prática que contemple a dinâmica do único objetivo que é o verdadeiro fundamento do cristianismo: a transformação libertadora da alma e do mundo.

Assim tambem, os grupos gnósticos dualistas (muito poucos) deverão priorizar a oferta de seu patrimônio espiritual virtuoso acumulado - não como teoria, mas como prática, apresentando-se num processo de arregimentação de afinidades genuinas anelantes sob os fundamentos gnósticos dualistas libertadores, acima e além de filiações formais, institucionais e pretenções hierárquicas, mas sim em  congregação universal, em irmandade e compartilhamento, na dinâmica de um processo gnóstico-cátaro VIVO de construção coletiva de uma nova consciência e consequentemente de um novo mundo. E isso é urgente.   


A palavra "gnose" não é uma palavra reservada e assim as pessoas a usam para rotular seus movimentos livremente. Portanto é preciso bem nos situarmos aqui, pois estamos nos referindo à gnose cristã dualista dos gnósticos dos primeiros séculos do cristianismo, segundo Nag-Hamadi e como exercidas por Valentino e Teodoto, muito longe de qualquer especulação cosmista do tipo “nova era”, ocultista e até tântrica com que alguns movimentos atuais sob essa denominação se apresentam.

Depois de muitos ciclos encarnatórios sem se dar conta da condição de seu aprisionamento a alma enfim chega a compreender, como diz Teodoto, e desperta para a gnose abandonando a condição de uma alienada cumplicidade e começando a perceber, em toda a sua extensão, o dualismo aprisionador luciférico em que se encontra.

Então ela entra numa instabilidade existencial que permanece mesmo quando tudo está bem na sua vida material. Isso a leva  buscar recuperar o sentido perdido da vida  tentando encontrá-lo seja no humanismo, nas religiões, na atividade política, em propostas ocultistas, etc. Mas logo percebe em tudo isso a precariedade da tentativa forçada de separar o bem e o mal mesclados e, por outro lado, não sabe, não tem forças ou mesmo coragem, para arriscar transcendê-lo. Assim a alma cai num deserto existencial sem mais se ajustar com a proposta de ir levando sua vidinha, seus probleminhas e seus prazeres sensuais.

A leitura dos evangelhos no início da adolescência me mostrou que havia uma profunda verdade a ser buscada no cristianismo original que estava claramente presente, mas bem longe de qualquer proposta religiosa institucional disponível. Na verdade, o cristianismo assim descoberto se me mostrou como uma larga via solitária à procura de uma formulação filosófica e institucional.

Foi já adulto que me deparei com a possibilidade de exercê-lo convenientemente. E isso quando fui apresentado ao dualismo gnóstico cristão da importante obra do rosacruz holandês J. van Rijckenborgh. Na sua instituição, “Rosacruz Áurea”, que bem se distinguia de outras instituições rosacruzes, percorri um longo caminho de instrução e vivência da gnose dualista cristã que passava inclusive pelo catarismo. 


Depois dos anos espiritualmente muito importantes que ali passei posso dizer que minha experiência gnóstica logrou, de buscador, levar-me ao degrau do discernimento com o que passei a saber, bem mais extensa e claramente, o que deve ser empreendido no caminho espiritual.

Mas o saber que o discernimento traz pode causar um desvio e uma retenção muito comuns nos que percorrem o caminho, tanto nos indivíduos como nas instituições que os agregam. Então poderemos falar de um “prazer da pesquisa” como um inebriante poder estagnante. A acumulação de sempre mais conhecimento, sempre mais um livro, mais um curso, uma palestra - mais aquisições, mais e mais... em círculos.

É o saber, que quer se perpetuar como tal sem mais novas transformações; é a busca que não quer achar! 

A retenção no prazer da pesquisa passa a ser uma arapuca em que o medo do despreendimento em realizar mais um decisivo passo no caminho gnóstico sutilmente se nos coloca. Repetimos assim o desvio do anelante moço rico que recua quando conclamado ao "Deixe tudo o que tens e siga-me". 

Rijckenborgh, no seu livro, “Desmascaramento, à Luz dos Próximos Acontecimentos”, no que ele chama de “A Grande Farsa”, previu para o sec. XXI uma derrocada final do estado de consciência e da civilização vigentes e uma consequente necessidade de construção de uma Nova Consciência para um Novo Mundo.

E assim, consciente da necessidade de mais um passo libertador, aguardava a realização da profecia de Belibastes que os tempos prenunciavam.

A IGREJA BRANCA EM MANIFESTAÇÃO.

Em 2013 encontrei na internet o site dos Cátaros XXI com uma proposta profunda e de grande mobilização espiritual. Deparei-me com as informações do seu fundador na Espanha o padre Juan Bogomilo que de imediato me cativou com a força e elevação de suas interpretações musicais e de sua extensa literatura, da qual destaco “La Rosa de los Serafitas”. 

Verifiquei então que a profecia de Belibastes ali se realizava. O laurel do catarismo reverdecia à partir de 2006 quando padre Juan acompanhado de alguns outros padres bogomilos, no Castelo de Peyrepertuse em Languedoc, recebe diretamente dos patriarcas cátaros da Igreja Branca as chaves de uma segunda conversão e a proposta de instaurar o novo catarismo a ser empreendido na Espanha.

Para minha percepção, foi exatamente como está dito no webnário dos cátaros XXI divulgado em seus vídeos(*): “Podemos falar de Juan de San Grial como músico poeta escritor, mas o que o define para nós é a nossa relação direta, coração a coração, que sentimos com sua presença e com todas estas suas manifestações. E assim percebemos nele a completa personificação da bondade, a sabedoria e o amor mais elevado. É o porta voz das revelações de nossa Mãe divina e das civilizações bondosas com as chaves de salvação do mundo e de uma mudança de paradigma para outra forma de viver, reabilitando as boas divindades que foram esquecidas e o pai e mãe de puro amor.”

Padre Juan não é um líder hierárquico nem institucional, mas um ungido, uma ponte virtuosa que promove, junto com seus afins e sacerdotes da Igreja Branca, uma rota de ascensão libertadora em acumulação do Espírito Claro Santo e faz com que seus filhos subam por um caminho e cheguem com ele, juntos, ao mundo divino da pureza original. Cria concílios de irmandade onde cada um pode desenvolver seu potencial. Um profeta vivo presente, aqui conosco, como neste seminário.

E então se realiza o dito [2] do Evangelho Gnóstico de Tomé: “Quem procura não cesse de procurar até achar, e quando achar ficará estupefato, e quando estupefato se maravilhará. E então terá domínio sobre o Universo.” 

O CATARISMO VIVO - NOVA ATITUDE DE VIDA 

Com o aumento das divulgações sobre os Cátaros XXI que tenho feito em minha página no FB: “Gnósis, Catarismo e Espiritualidade – Agora”(*) me chegaram algumas questões afirmando que é ao passado e não ao presente vivo manifestado a que se refere o catarismo. Confinam assim sua participação “cátara” a grupos de estudos, palestras, pesquisas esotérico-acadêmicas e coisas desse tipo. Se afirmam pelo regionalismo, em suas línguas e culturas, portanto se afirmam pelas diferenças e não pela busca da convergência.

Há a uma vasta literatura atual do padre Juan de San Grial que está disponível aos que quiserem pesquisar o presente vivo do Catarismo XXI(*), mas são as comunidades dos irmãos Cátaros XXI, que demonstram claramente este catarismo vivo atual. Ali vamos nos deparar com irmãos e irmãs que com poucos anos de vivência cátara já demonstram, em uma atitude de vida evidente, livre e constante o seu claro desenvolvimento nos degraus do caminho cátaro: catarse, pureza, sobreiluminação... E isto se dá pela afinidade imediata e intensa, em adesão de coração, à presença irradiante do ungido Padre Juan e sua Igreja Branca manifestada.

Nas décadas passadas em participação em grupos espirituais dualistas, por mais que nos esforçássemos não lográvamos estabelecer, de modo constante, livre, claro e despretensioso, uma relação harmônica que não tivesse sempre que recorrer, para seu equilíbrio instável, a atitudes distantes, formais e convencionais, a rituais e a constrições hierárquicas estabelecidas. Era a busca à tão proclamada "atitude de vida/novo estado de consciência" muito almejada e nunca alcançada. Na época anterior (sec XX), “pisciana”, nos conformávamos com isso pois: “era assim o que podia ser, e não mais”.

Mas agora nesta época final aquariana, nada menos que um convívio intenso sob a influência dos predicados cátaros acima citados e com participação ativa, livre e feliz de todos, heterárquica e não hierárquicamente, não formal, institucional, ritualística, literária e teórica, mas sim muito prática, pode resultar num trabalho que se estabeleça como realmente espiritual e, assim, libertador para cada um e para todos.

Porisso, ao invés de históricos/temporais, entendo que devem ser estes os critérios que grupos, sob qualquer denominação, devem observar para avaliar o grau de "catarismo" de sua atividade.

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Paulo Azambuja



(*) Eis alguns sites:


1 - GNOSIS, CATARISMO E ESPIRITUALIDADE - A G O R A

https://www.facebook.com/groups/1619558088317949/?source_id=224638970899235
Grupo no facebook por mim administrado


2 – LECTORIUN ROSICRUCIANUN

https://www.facebook.com/profile.php?id=100008509410413
Grupo do Facebook da Rosacruz Áurea

3 - LOS CATAROS

https://www.facebook.com/loscatarosoficial/?eid=ARDm8KJVvP3xoagu8x3sxlfc52Hwx96oBqlUHx0KoYy9AThK4L9kLff9tvD7cErl_Y4fsQE5QxTwiRck
Aí teremos acesso a todas demais páginas dos Cátaros XXI que se estabelecem em Espanha. Também acesso aos vídeos youtube de palestras e músicas do grupo que apresentam toda a proposta do seu trabalho.

4 – ESPIRITUALIDAD CATARA

https://www.espiritualidad-catara.com/
As informações de livros e para fazer contatos será nessa