sexta-feira, 27 de março de 2020

UM URGENTE CHAMADO




Desde muito jovem busquei ativamente as condições de adquirir um discernimento gnóstico (mais do que um conhecimento) dualista (a gnosis cristã de Nag Hammadi). E assim me dediquei a acompanhar, sob essa ótica, o desenvolvimento dos acontecimentos mundiais o que me permitiu aprofundar uma reflexão que editei no livro “Atualidade do Cristianismo Gnóstico” em 2007 e que se mostra agora ainda mais apropriada. 
Assim estou selecionando alguns de seus trechos mais abaixo.

A partir de 2007 dando sequência a expectativa que coloquei no livro passei a acompanhar o desdobramento do referido estado de “Limite” e verifiquei, com muita surpresa, de um lado os seus desdobramentos acelerados, nefastos e surpreendentes, e de outro uma cada vez maior sensação de isolamento frente a alienação não só da massa humana em geral, mas também até de alguns dos que se diziam espirituais, muitos dos quais meus próximos na “formação” gnóstica, mostrando uma indiferença em relação a observação e a ação do que escatologicamente se desenvolvia e fugindo para o prazer teórico-esotérico de perpetuar uma busca que não quer achar, e em alguns casos, até mesmo chegando a um desvio alienante apresentando um caráter diametralmente oposto aos seus objetivos e compromissos originais.

Mas certamente  ainda restam os que entendem e empreendem a AÇÃO LIBERTADORA, não num processo monista pélvico-ocultista, mas no dualista cardíaco preconizado pelo gnosticismo cristão como único objetivo da encarnação da humanidade e da construção planetária civilizatória.

Trata-se de romper as amarras tanto da fase do “prazer da busca” como a da retórica expressão de um discernimento que se estanca no conhecimento gnóstico de bibliotecas, cursos e conferências, enquanto, AGORA, a bomba relógio do mundo, da humanidade e da civilização mesclada dos “limites”, oscilando na dinâmica degenerativa de uma dualidade instável, acaba de estourar.

Estamos todos sendo chamados pela Nossa Senhora a Teoengendradora do mundo e da humanidade a prestar conta de nossos talentos e de todos os cantos do mundo apresentarmo-nos e passar realmente a AGIR.

Diante da ausência dos que eu esperava agir na proposta atual de uma AÇÃO LIBERTADORA, busquei e encontrei na eterna Igreja Branca Cátara que de novo, como Belibastes, o último profeta da manifestação cátara anterior ao ir para a fogueira em 1320, profetizou: “Em 700 anos o Laurel reverdeceria”.

Em 2012 encontrei na internet um site dos Cataros XXI cuja proposta me chamou muito a atenção e me aprofundando mais com essa manifestação mantenho com esses irmão cátaros uma estreita interação.

E assim eu desde então estou copiando nas minha paginas do Facebook e que agora mais  ainda me unirei a sua proposta através de reuniões de mobilizações e praticas que potencializam nossa preparação e apoiam uma nova manifestação individual e coletiva nessa deflagrada e profunda transição.

Assim estou apresentando aos interessados uma última correspondência que nos convida por todos os cantos do mundo independente de qualquer religião.

Eis o convite para nós todos com inclusive já copiei na minha linha de tempo:

https://mailchi.mp/624e4942207f/bondad-es-plenitud-638055?fbclid=IwAR1hpKC5bEfCLrMAzl1NY-FK5KuwG-WGWICcoBlt11Cz3JbSVeKljT5hYkw

E agora os refridos trechos selecionados do meu livro “Atualidade do Cristianismo Gnóstico” editado há 13 anos e que espero nos esclareça e motive para essa nova e definitiva empreitada: 
 
"Parte I - LIMITES:
...
 “E agora, no nosso século, essa integração chegou à culminância com uma globalização total da consciência, através dos meios de comunicação, das redes globais e do poder que tem a tecnologia atual de, a cada episódio ocorrido em qualquer lugar da Terra, comprometer a Terra inteira.

Essa é uma das características que nos leva ao que aqui chamamos de Limites.

Outra característica importante também surgida nesses últimos séculos foi a emergência do Raciocínio Concreto, desde a Renascença. Só que ainda sofrendo durante os primeiros duzentos anos uma repressão muito grande do sistema de crença dominante com força policial capitaneada pelo sistema da igreja romana. Esse poder opressor só foi atenuado com a Revolução Francesa. A partir de então a ciência, que é filha direta desse raciocínio concreto, começou a se consolidar e a produzir cada vez mais frutos que são a tecnologia.

Até fins do século XIV, referindo-nos a Kant, que fez a distinção entre o que chamou: Razão Pura e Razão Prática, o âmbito de atuação da ciência era o âmbito da razão prática e o âmbito das transcendências, das éticas, enfim das situações subjetivas ficava, no contexto da razão pura.

No entanto o poder econômico que a ciência ganhou com a tecnologia, fez com que os cientistas extrapolassem e questionassem: Por que razão pura? Nós podemos com a ciência resolver todos os problemas e dar todas as respostas!

Desse modo, uma ideologia que já vinha se formando - o Naturalismo ou Materialismo Reducionista - que já era inspiração para a ciência, passou então, de inspiração, à afirmação científica. Isso é: a ciência passou a afirmar o materialismo reducionista como se fosse algo sujeito à comprovação pelos seus próprios métodos. Desse modo, por exemplo, para a ciência todo o conceito de existir se basearia na química.

Mas na verdade, paradoxalmente, isso não é científico. Porque para ser científico teria que passar pelo crivo comprobatório do próprio método científico. No entanto, além das especulações desejosas de uma fé e de um poder materialistas, a obtenção dessas provas resiste a qualquer resultado conclusivo já por quase duzentos anos.

Essa atitude de afirmação materialista pela ciência é, portanto, meramente um cientificismo na qual, revestindo-se de uma capa e de um status de ciência, mas não conseguindo resistir a uma comprovação pelos próprios métodos científicos, não passa na verdade de uma ideologia, de uma profissão de fé.

E assim chega, já nos seus estertores, ao nosso século XXI. Mas ainda muito forte e ainda influenciando toda uma mentalidade maciçamente suportada pela mídia e pela academia que a partir do ocidente se transformou numa mentalidade global - uma mentalidade Reducionista Materialista planetária incorporada desde então a cultura da humanidade que assim só mudou de dominação: da igreja (medo e castigo) para a ciência (valor, verdade sentido de vida só na materialidade: conquista, poder, dominação, prazer, sensualidade).

No entanto, mais e mais verifica-se o desalento social, familiar e individual, quando essa mentalidade apresenta suas consequências, como nas drogas, no vício, na exacerbação sexual, etc. Aí os frutos são amargos e então há surpresa e perplexidade da humanidade que, passiva ou ativamente, participa e incentiva das concepções e os decorrentes atos do materialismo reducionista.

Esses limites nos levam a um Planeta em Crise. Mesmo a contragosto temos que conviver com ele. Ele nos ocupa, ele nos pré-ocupa, com fatos que muitas vezes estão geograficamente distantes, mas que nos afetam ou nos afetarão, quer a nível físico ou psicológico, mas sempre nos afetarão. Estamos, portanto, envolvidos, e assim também temos que equacionar essa crise. Temos que equacioná-la, temos que entendê-la visando solucioná-la em sua real profundidade, e essa palestra se desenvolverá sob esse objetivo.

Essa crise planetária se manifesta em vários aspectos. Temos as doenças, que agora são ameaças cada vez mais globais. Temos a violência, tanto a violência psicológica: o ódio entre nações, entre povos, entre raças, que gera a violência física, as guerras; guerras essas que a tecnologia transforma em pesadelos mundiais. Temos os problemas no ambiente; com o uso indiscriminado dos recursos naturais o homem produziu problemas praticamente irreversíveis na atmosfera, sabemos bem disso.

E temos o problema de costumes.

A humanidade, e cada indivíduo da humanidade, perdeu a sua capa moral. Todo o indivíduo, toda a sociedade, toda a cultura, precisa se basear numa capa moral. Sabemos que toda a capa moral é relativa, é transitória, é de alguma forma paliativa, mas é imensamente necessária para se construir alguma coisa. O sistema de crença materialista reducionista, não só contribuiu para destruir a capa moral que havia, como também não foi capaz de substituí-la por nenhuma outra capa moral.

Portanto, resta o vazio! E esse vazio explode em exacerbações: nos vícios, na ganância desmesurada, na hiperatividade física sensual, etc. Esse vazio moral é agora uma crise planetária, pois o sistema de crença ocidental materialista logrou, principalmente via globalização das comunicações, exportá-lo mundialmente.

A Economia
  
É uma espécie de termômetro de tudo isso. A economia há muito tempo não mais se fundamenta em riquezas concretas, mas se baseia, na verdade, numa balança que tem de um lado o medo e do outro a esperteza e a oportunidade. O medo de uns pela esperteza de outros é a oportunidade desses. Mas na medida em que a crise se aprofunda o medo fica cada vez mais generalizado e assim passa a haver muito pouca esperteza que o explore. Desse modo temos sempre a economia no fio da navalha, pois ela é o termômetro de tudo o mais.

Por fim podemos falar em surtos. Esses surtos são explosões pessoais ou sociais, psíquicas, físicas, explosões alienadas, violentas, que surgem como consequência desse vazio moral. Isso sempre nos surpreende e cada vez mais nos surpreenderá, mas as causas são evidentes. Há um surto global generalizado.

Quando lemos em Mateus, vemos quase que literalmente uma descrição da crise atual. Há ali há uma frase bastante significativa que diz: Ai das Grávidas!

Quem são essas grávidas que estão sendo lamentadas e que lamentam? Somos todos nós, que estamos prenhes de uma nova geração para a qual não temos nada a oferecer e não sabemos nem em que planeta e sob que fundamentos morais, ético, psíquicos, físicos, ela poderá se sustentar. Portanto as grávidas somos todos nós que vemos nessa próxima geração um motivo de grande preocupação e angústia.

As Religiões

A fé dogmática é materialista, embora em nome de deus. É uma religiosidade materialista. E cada vez está mais. Cada vez mais está calcada no poder, cada vez mais está calcada no dinheiro, cada vez mais está calcada no imediatismo. É, portanto, uma religiosidade de César, ou, de como dizem os gnósticos, uma religiosidade de Authades. Por outro lado cada vez menos traz qualquer ato devocional voltado ao Sagrado.

Confunde o Sagrado com o útil!
...

Segundo as tradições sagradas, o universo é essencialmente consciência viva da qual provém toda a criação. E isso é o que diz o prólogo do Evangelho de João: No princípio era o Verbo...; a palavra viva, a consciência cósmica manifestada, o Cristo do princípio, que não era e não é propriedade de nenhuma raça, povo ou instituição, que era e é supra temporal e supra histórico.
...

Isso, portanto, nos leva ao diagnóstico que buscávamos: Estamos numa crise de limite de consciência. Nossa crise é uma crise de consciência! Tudo o mais são os sintomas dessa crise.

Resta-nos ainda a questão: ora, se essa Era nos traz o afluxo, a renovação viva, de uma nova consciência é então uma Era especial e deveríamos todos estar rejubilando. Então porque a crise? Então porque a exacerbação do sofrimento? Realmente, isso teremos que esclarecer.

Adiantamos, no entanto, que consideramos o cristianismo original, se esse for entendido em sua real profundidade e atualidade - entendimento esse que será, no mínimo, uma novidade para a grande maioria - o cristianismo, dizemos, é o último elo dessas sagradas tradições e por isso veio exatamente como preparador e realizador conveniente para essa época e para esclarecer e transcender essa crise.

Gostaríamos também de realçar que, o fato de não acreditarmos que a abordagem reducionista materialista traga em sua inerente fragmentação a solução definitiva para a crise, isso não significa que estejamos pregando aqui uma indiferença ou uma omissão à participação nas discussões e nas atividades que buscam equacionar as ações em cada setor. Sabemos e afirmamos que essas são soluções paliativas. Se não sabemos, no entanto, lidar com a essência da cura, temos mesmo é que tentar aliviar o desconforto gerado pela nossa incapacidade de fazê-lo.

E agora, ao final dessa introdução, algumas observações voltadas mais especificamente para aqueles que, já há tempos, tem uma noção e uma atuação mais abrangentes nessas questões planetárias.

Nova Era é Nova Consciência. Nada menos! Lembrando o sermão do monte que diz: Tudo o mais nos vira em acréscimo. Há algo completamente novo acontecendo que não pode ser compreendido por nosso completamente velho, precário e exaurido estado limítrofe de consciência. Tanto seja esse estado considerado bom ou mal. O que ele é, no entanto e certamente, limitado e insuficiente.

O vinho novo, isso é o Sangue Real crístico, não pode ser colocado em nossas velhas taças manifestacionais. Precisamos de um Santo Graal completamente novo. O cristianismo do princípio não é um reformador ou um recauchutador de odres velhas e nem pinta túmulos com tinta branca. E a retífica que foi aberta em seu nome só fez desfigurá-lo por dois mil anos. 
Mas o que era velho agora tem que passar! 
"Atualidade do Cristianismo Gnóstico" - 2007
Paulo Azambuja